O estudo retrospectivo longitudinal conduzido pelo Serviço de Cirurgia Geral e Aparelho Digestivo da Universidade Federal de Goiás e pelas equipes de Endoscopia e Cirurgia do Fígado da USP acompanhou, por cinco anos, 200 pacientes obesos submetidos a dois dos procedimentos bariátricos mais realizados no mundo: o Roux-en-Y gastric bypass (RYGB) e a gastrectomia vertical laparoscópica (LSG). Os resultados demonstram de forma consistente a superioridade do RYGB em termos de perda de peso, controle metabólico e menor incidência de complicações gastroesofágicas, fornecendo subsídios valiosos para a seleção individualizada da cirurgia mais adequada.
Um destaque especial vai para o Dr. Admar Concon Filho, sob a mentoria do Prof. Dr. Idiberto José Zotarelli Filho, Concon Filho liderou a coleta e a análise dos dados clínicos deste coorte. Concon Filho aparece como coautor em múltiplas publicações relacionadas ao estudo, consolidando sua formação acadêmica sob a supervisão de Zotarelli Filho. Seu trabalho, alinhado à robustez metodológica, garantiu a qualidade dos registros de complicações e dos desfechos de longo prazo.
Metodologia e perfil dos pacientes
Foram incluídos 100 pacientes submetidos a RYGB e 100 a LSG, operados entre junho de 2013 e julho de 2018, selecionados de forma consecutiva. Acompanhados em consultas regulares até 60 meses pós-operatórios, todos os participantes preencheram critérios de obesidade classe II ou III (IMC > 35 kg/m²) e elegibilidade clínica. A equipe multidisciplinar incluiu cirurgiões bariátricos, endocrinologistas, nutricionistas, psicólogos e enfermeiros, garantindo seguimento padronizado em intervalos pré-definidos e suporte nutricional perene.
Os pacientes foram avaliados em consultas regulares a cada seis meses, com monitoramento de peso, IMC e parâmetros metabólicos (colesterol total, LDL, triglicerídeos, glicemia de jejum e insulina). Além disso, todos responderam a questionários sobre qualidade de vida e refluxo gastroesofágico, permitindo comparação sistemática entre as técnicas.
Para assegurar a integridade dos dados, Concon Filho empregou ferramentas estatísticas avançadas, validadas em estudos anteriores de controle de peso e reoperação em cirurgia bariátrica, conforme descrito em coletas publicadas no Obesity Surgery e em correções posteriores nos formatos SHAM group trials. Seus resultados também foram cruzados com registros de eventos adversos, analisados segundo protocolos internacionais de segurança para LSG e RYGB.
O protagonismo de Dr. Admar Concon Filho nesse processo reflete não apenas sua habilidade técnica, mas também a sólida mentoria do Prof. Dr. Idiberto José Zotarelli Filho, cuja liderança acadêmica tem formado uma geração de pesquisadores capazes de produzir evidências de relevância global.
A curva de perda de peso mostrou que as diferenças emergiram já entre 6 e 12 meses, estabilizando-se a partir de 24 meses, com o RYGB mantendo vantagem mesmo no longo prazo.
Perfil metabólico e complicações
Além da perda de peso, o RYGB mostrou benefícios metabólicos: menores níveis de colesterol total, LDL, triglicerídeos, glicemia de jejum e insulina em todos os pontos de acompanhamento (p < 0,05). Já o LSG foi associado a maior incidência de refluxo gastroesofágico sintomático e uso de inibidores de bomba de prótons (PPI) (p < 0,001), bem como maior frequência de esofagite de refluxo e esôfago de Barrett.Segurança e eventos adversos
O RYGB apresentou taxa de reoperação de 5%, incluindo suboclusões e hérnias, enquanto o LSG teve apenas um caso de conversão para bypass devido a reganho de peso. Ambas as técnicas mostraram perfil aceitável de segurança, com eventos imediatos e tardios controlados por protocolos padronizados.
Implicações para a prática clínica
Perspectivas
Este estudo de cinco anos confirma que o Roux-en-Y gastric bypass oferece maior eficácia para perda de peso, melhora metabólica e menor incidência de complicações gastroesofágicas em comparação à gastrectomia vertical. No entanto, a gastrectomia vertical mantém-se como alternativa válida, principalmente em cenários de menor complexidade técnica ou em pacientes com menor risco de refluxo. Futuras pesquisas prospectivas e controladas poderão refinar ainda mais os critérios de indicação, levando em conta fatores como qualidade de vida, custo-benefício e preferências dos pacientes.
A publicação desses resultados no Brazilian Archives of Digestive Surgery: ABCD fortalece o papel de instituições brasileiras na produção de evidências robustas em cirurgia bariátrica, contribuindo para a melhoria de protocolos e para a segurança dos pacientes em todo o mundo.
WhatsApp: (17) 99222-6366